O Casamento do Leão e o Segredo do Rato
- Antonio Jorge Béze
- 18 de fev.
- 2 min de leitura
O grande dia havia chegado. O rei da floresta, o imponente leão, havia espalhado convites por toda a selva. Seu casamento seria a maior celebração já vista, e todos os animais estavam convidados. As árvores foram decoradas com cipós e flores, a comida foi servida em abundância, e a música ecoava entre os troncos antigos da floresta.
Os convidados chegaram um a um – os elefantes, com sua imponência; os macacos, sempre brincalhões; as águias, com seu olhar atento. Até mesmo os pequenos insetos, mesmo sem serem notados, estavam ali para testemunhar a união do rei com sua rainha. O leão estava radiante. Nada poderia estragar aquele momento.
A festa durou horas. Todos riram, dançaram, e a selva vibrou em comemoração. Quando a noite caiu e os convidados começaram a se despedir, um pequeno rato se aproximou do leão. Em suas patinhas minúsculas, segurava um pequeno presente embrulhado em folhas secas.
— Meu irmão, desejo a você muito sucesso nesta nova fase da sua vida.
O leão, que até então sorria para todos, mudou sua expressão. Seus olhos se estreitaram e sua juba pareceu inflar de indignação.
— Como ousa me chamar de irmão? Você, um rato insignificante, quer se comparar a mim, o rei da selva? Eu o convidei para minha festa, mas isso não lhe dá o direito de me tratar como igual. Nós não somos irmãos!
O silêncio caiu sobre a clareira. Os animais que ainda estavam por perto pararam para observar a cena. Mas o rato não recuou. Ele apenas sorriu de canto e olhou nos olhos do leão.
— Ah, meu caro leão… Um dia, eu também já fui um leão. Antes de me casar.
O leão franziu a testa. O que aquele rato queria dizer?
O pequeno animal virou-se calmamente e desapareceu entre as folhas, deixando o leão perdido em pensamentos.
Naquela noite, enquanto se recolhia ao seu novo lar com a leoa amada, o leão sentiu o peso daquelas palavras. Os dias seguintes foram revelando o que o rato havia tentado lhe dizer.
No começo, o leão ainda rugia alto, tentava impor sua vontade, como sempre fizera na floresta. Mas, pouco a pouco, percebeu que a vida a dois não era sobre quem rugia mais alto, mas sobre quem sabia ceder. As caçadas, que antes fazia sozinho, agora precisavam de estratégia conjunta. Seu espaço, antes só seu, agora era compartilhado. E, principalmente, aprendeu que amar era também renunciar.
E foi assim que, com o passar dos anos, o rei da selva percebeu que sua força já não estava mais em seu rugido feroz, mas na paciência, na cumplicidade e na renúncia diária.
Um dia, sentado à sombra de uma árvore, observando os filhotes brincando, ele se lembrou do pequeno rato. Sorriu sozinho e murmurou:
— Agora eu entendi… Todo leão corajoso, quando encontra sua leoa, aprende que ser grande não é sobre rugir, mas sobre servir. No final das contas, diante da leoa amada, até o mais valente rei se torna um minúsculo rato.
E, assim, ele aprendeu que o verdadeiro reinado no casamento não estava em governar, mas em amar.
Commentaires