Olhos de Cristo: Quando Julgar Parece Mais Fácil que Orar

1. Introdução

Há uma tendência dolorosa no coração humano: a de enxergar com mais rapidez os defeitos do que as virtudes. Pessoas se aproximam não para construir, mas para colher informações, dar opinião, julgar — e tudo isso disfarçado de preocupação ou sinceridade.

Quantas vezes você já percebeu alguém se aproximando para perguntar sobre terceiros, não por genuíno interesse em ajudar, mas na verdade buscando um aliado para criticar?

O problema não está apenas em quem fala… está também em quem ouve e acolhe a crítica sem discernimento. A Palavra de Deus nos chama a algo muito mais alto: ver com os olhos de Cristo, não com os olhos da carne. E isso muda tudo.

2. Primeiro Olhar: Cristo Enxerga o que Pode Ser Transformado

Jesus nunca olhou para alguém com a lente da condenação precipitada. Ele via além do erro. Ele via o processo.

“Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça.” (João 7:24 – ARA)

A mulher adúltera, aos olhos humanos, merecia o apedrejamento. Aos olhos de Cristo, merecia graça e nova chance. Porque Ele não via apenas o ato. Ele via o coração.

Enquanto o mundo olha o que afasta, Cristo olha o que pode aproximar. Ele vê o que pode ser curado, edificado, restaurado. Ele vê o barro com potencial de vaso de honra.

Se queremos ser discípulos de Cristo, precisamos aprender a enxergar como Ele enxerga. E isso só é possível pela comunhão com o Espírito.

3. Segundo Olhar: A Oração Silenciosa Vale Mais do que Mil Palavras Críticas

Há momentos em que você verá atitudes, ouvirá palavras e sentirá incômodos diante de irmãos e irmãs. A carne quer comentar, analisar, repassar. Mas o Espírito convida: ora por isso!

“O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” (1 Coríntios 13:7 – ARA)

A oração é o maior ato de amor silencioso que podemos oferecer. Quando você ora por alguém, especialmente por algo que não compreende nela, você entrega àquele que compreende tudo. Você se recusa a ser juiz e se torna intercessor.

Isso agrada a Deus.

E mais: muitas vezes, a oração muda mais quem ora do que aquele por quem se ora. Porque o Espírito molda nosso interior, nos livrando da amargura e da arrogância de quem pensa saber o que é melhor para o outro.

4. Terceiro Olhar: Recusar-se a Ser Eco da Crítica

Há um posicionamento simples, mas profundamente espiritual, que deveria se tornar nossa prática diária:

“Quando alguém vier lhe perguntar a respeito de outra pessoa, querendo, na verdade, encontrar um crítico e julgador, responda: quanto a isso, melhor perguntar para ela diretamente. Me habituei a não criticar, orar mais e interceder até por aquilo que não compreendo… então, se quer saber dele ou dela, desta ou daquela atitude… não tenho o que falar… Mas se deseja saber sobre os atributos de Deus, de Jesus e do Espírito Santo, tenho aprendido muito e posso compartilhar contigo!”

Essa resposta pode chocar quem espera encontrar cumplicidade na maledicência, mas revela maturidade espiritual. Quem já foi ferido por palavras sabe o valor de preservar o silêncio. Quem já experimentou o peso da injustiça sabe o poder da misericórdia.

Como disse Dietrich Bonhoeffer:

“A intercessão é o supremo serviço que um homem pode prestar a outro.”

5. Quarto Olhar: Julgar Divide, Interceder Une

O corpo de Cristo adoece quando os membros se devoram. O apóstolo Paulo foi claro:

“Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede que não sejais mutuamente destruídos.” (Gálatas 5:15 – ARA)

Julgar isola. Cria muros. Envenena relacionamentos.

Mas interceder une. Traz presença do Espírito. Restaura a unidade.

Quer ver sua comunidade ser mais cheia da presença de Deus? Ore pelos outros. Fale menos deles. Sirva mais. E, se necessário, confronte em amor e verdade — mas sempre pessoalmente, nunca por trás.

Quem olha com os olhos de Cristo, vê com esperança. Quem fala com a boca de Cristo, proclama vida.

Conclusão

O mundo tem olhos treinados para o julgamento. Mas os filhos de Deus são chamados a desenvolver olhos de misericórdia, ouvidos de compaixão e boca de edificação.

Antes de falar, ore. Antes de julgar, ouça o Espírito. Antes de se unir ao coro dos críticos, lembre-se da cruz: foi ela que te libertou do juízo que merecia.

Sejamos como Cristo: capazes de enxergar a glória que pode emergir até do barro mais rachado.

Oração Final

Senhor Jesus,

ensina-me a olhar com os Teus olhos.

Livra-me do espírito crítico, da língua apressada e do coração altivo.

Dá-me um espírito intercessor, que ora mais do que acusa.

Dá-me sabedoria para saber o que dizer e, principalmente, quando me calar.

Que eu seja instrumento de edificação e não de destruição.

E quando alguém vier a mim buscando crítica, que encontre apenas graça.

Molda meu olhar, minha boca, meu coração — até que eu me pareça mais contigo.

Em nome de Jesus Cristo, amém e amém.

Agora é com Você e Deus

📖 Leitura / Reflexão:

Tiago 3 – sobre o poder da língua

Mateus 7:1-5 – sobre o julgamento

Efésios 4:29-32 – sobre palavras que edificam

🛠️ Ação Prática:

Hoje, recuse-se a alimentar qualquer conversa crítica sobre terceiros. E mais: ore sinceramente por alguém que você normalmente criticaria. Liberte-se da necessidade de opinião. Escolha a intercessão.

📜 Versículo para Meditação:

“Sejam todos prontos para ouvir, tardios para falar e tardios para irar-se.”

(Tiago 1:19 – NAA)

💬 Mensagem:

Quem vê com os olhos de Cristo, ora ao invés de criticar e edifica onde o mundo apenas destrói.

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