Na Areia e na Rocha – O Poder de Guardar o que Realmente Importa

Dois amigos caminhavam pelo deserto. O calor era abrasador e a jornada, cada vez mais difícil. No meio de um debate acalorado, um deles, tomado pela raiva, agrediu o outro e quase o matou. Quando a fúria cessou, o amigo que foi agredido pegou um bastão e escreveu na areia: “Hoje meu melhor amigo tentou me matar.”

Continuaram a jornada, lado a lado, mesmo em silêncio. Mais à frente, encontraram um oásis e, aliviados, mergulharam nas águas frescas. Porém, o amigo agredido começou a se afogar após um choque súbito. E foi justamente aquele que o havia ferido quem o salvou da morte iminente. Depois de ser reanimado, o amigo que quase se afogou caminhou até uma rocha e gravou com esforço: “Hoje meu melhor amigo salvou a minha vida.”

Confuso, o outro perguntou: “Quando te feri, escreveste na areia. Agora, gravaste na rocha. Por quê?” E o amigo respondeu:

“As ofensas devemos escrever na areia para que o vento leve. Mas as bênçãos e os gestos de amor, devemos gravar na rocha para que jamais sejam esquecidos.”

Essa pequena história nos leva a uma reflexão poderosa sobre como escolhemos registrar as marcas em nosso coração. O mundo nos diz: “quem não é visto, não é lembrado”. Mas o Evangelho nos ensina que o valor das pessoas em nossas vidas não está em sua visibilidade, mas na marca que deixaram em nossa história. Não esquecemos quem nos abençoou nas horas mais difíceis, mesmo que hoje esteja longe ou ausente.

Romanos 13:7 declara: “Dai a cada um o que lhe é devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra.” Honrar é mais do que um ato de cortesia: é uma postura do coração que reconhece a mão de Deus por trás das pessoas que Ele usou para nos socorrer.

John Stott enfatiza:

“A honra cristã nasce de um coração grato que

reconhece a graça de Deus fluindo através de outras pessoas.”

John Wesley escreveu:

“A ingratidão destrói pontes que jamais deveriam ser queimadas.”

Augustus Nicodemus complementa:

“Quando honramos alguém, testificamos que a providência de Deus

agiu por meio dessa pessoa em nossa vida.”

Luciano Subirá ensina:

“A honra abre portas e ativa princípios espirituais

que o orgulho jamais alcançaria.”

Jesus, ao ser traído e abandonado, escolheu gravar o amor na cruz, e não a acusação. Ele não eternizou a nossa ofensa, mas a nossa redenção. Somos chamados a fazer o mesmo: perdoar o que deve ser levado pelo vento e guardar no coração os gestos que Deus usou para nos salvar.

Quem você tem honrado? A quem você ainda carrega na memória por causa das feridas? Hoje o Espírito Santo te chama a escolher onde escrever: na areia ou na rocha.

📖 Momento Devocional - Estudo e Prática

Leitura Bíblica: Romanos 13:7 e Mateus 18:21-22.

Reflexão Escrita: Liste duas pessoas: uma que merece honra e outra de quem precisa liberar perdão.

Oração: Peça ao Espírito Santo discernimento para saber o que deixar o vento levar e o que gravar no coração.

Ação Prática: Honre hoje alguém que foi um instrumento de Deus em sua vida e ore, em secreto, perdoando quem te feriu.

Oração Final

Senhor, ensina-nos a escolher bem onde escrever. Que o vento leve as mágoas que insistimos em reter, e que o Teu Espírito nos ajude a gravar em nossa alma as bênçãos e livramentos que recebemos. Dá-nos um coração semelhante ao de Cristo, capaz de honrar, perdoar e lembrar com gratidão. Que possamos ser marcados pela leveza do perdão e pela profundidade da honra.

Em nome de Jesus Cristo, amém e amém.

Versículos de Apoio

1. “Dai a cada um o que lhe é devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra.” (Romanos 13:7)

2. “Quantas vezes devo perdoar? Até sete? Jesus respondeu: Não te digo até sete, mas até setenta vezes sete.” (Mateus 18:21-22)

3. “O amor não guarda rancor.” (1 Coríntios 13:5)

4. “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.” (Mateus 5:7)

5. “Se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens.” (Romanos 12:18)

6. “Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros.” (Efésios 4:32)

7. “Lembra-te de todos os caminhos que o Senhor, teu Deus, te fez andar.” (Deuteronômio 8:2)